Poesia Portuguesa (X) – Mário Cesariny
by manuel margarido
Passam hoje dois anos sobre a morte de Mário Cesariny de Vasconcelos (1923 – 2006) poeta, artista plástico, expoente maior do Surrealismo em Portugal. Se a sua obra escrita foi desigual, o apogeu do seu trabalho galga a mais alta fasquia da poesia portuguesa do século XX. Um homem raro, no país dos cautelosos.
(excerto – estrofe final – do poema CORPO VISÍVEL)
Contra ele meu amor a invenção do teu sexo
único arco de todas as cores dos triunfos humanos
Contra ele meu amor a invenção dos teus braços
maravilha longínqua obscura inexpugnável rodeada de água
por todos os lados estéreis
Contra ele meu amor a sombra que fazemos
no aqueduto grande do meu peito O MAR
Mário Cesariny, in ‘burlescas, teóricas e sentimentais’, p. 133, colecção forma, editorial Presença, Lisboa, 1972 (Antologia, tendo origem o poema na obra ‘Pena Capital‘, 1957)